A Revelação Divina

A Tradição e as Escrituras Sagradas são as duas fontes fundamentais da fé cristã, no contexto da Igreja Católica e para compreender a profundidade e a importância desses elementos, precisamos explorar como esses pilares foram transmitidos ao longo do tempo, especialmente aos catecúmenos – os novos cristãos que ao aceitarem a fé, passaram a necessitar de um preparo. Os ensinamentos buscavam inicialmente explicar o porquê das doutrinas e ao serem registrados passaram a se chamar catecismo, que inicialmente acabou caindo em desuso em determinados períodos.

Para nós, católicos, a Tradição e as Escrituras Sagradas são as duas fontes fundamentais da fé cristã. Na perspectiva da Igreja, a Tradição é ainda mais abrangente que as Escrituras, uma vez que os maiores ensinamentos de Cristo foram transmitidos através da oralidade e somente por causa dela; e que os textos chegaram a ser escritos, décadas depois dos acontecimentos narrados nas escrituras.

Deus se antecipou ao vazio que aconteceria aos primeiros cristãos e não se limitou a exigir que sua palavra apenas chegasse àqueles que conduzissem seus escritos, fossem por cartas ou por livros compilados.  

Muito menos nos deixou à mercê que nos arranjássemos como pudéssemos na sua interpretação. Deus enviou seu próprio Filho, na Pessoa de Jesus Cristo e que não não veio à terra unicamente para morrer numa cruz e redimir os nossos pecados. Ele veio também para, além de nos resgatar do pecado e da morte, ensinar-nos com a palavra e com o exemplo.

E Não foi fácil a tarefa de consolidar a doutrina cristã, tendo em vista as perseguições e as inúmeras heresias que despontaram pelo mundo cristão e escritos de todos as localidades surgiam como se fossem mensagens apostólicas, sendo que não havia sequer a certeza da autoridade dos autores. Foi nesse contexto que surgiu a necessidade de registro da doutrina e estes somente puderam ser compilados porque havia-se o conhecimento e a orientação da Tradição.

Um exemplo notável do cuidado com a Tradição é a tradução da Bíblia realizada por São Jerônimo. Ele teve o zelo de procurar aqueles que conheceram os apóstolos, para obter deles as palavras mais adequadas para serem usadas nos contextos bíblicos. 

Este trabalho conhecido como a Vulgata, é considerado pela Igreja como o mais perfeito trabalho de tradução já realizado pelo homem.

E Embora as Escrituras sejam essenciais e devam ser lidas e estimuladas por todos os fieis, a interpretação correta deve ser orientada pelo magistério da Igreja, afinal, não se possui o correto entendimento do mundo antigo e permitir que a interpretação seja livre e relativa, faria ruir os pilares da Revelação Divina, que se deu em etapas e deu a São Pedro e à Igreja as chaves da unicidade da fé cristã.

Tomás de Aquino, por Gentile da Fabriano
Divindades do panteão egípcio

Revelação Natural x Revelação Sobrenatural

religião natural é um conceito que se refere à forma de religiosidade que surge de maneira espontânea nas sociedades humanas, sem a necessidade de uma revelação divina específica ou da institucionalização formal de uma fé. Ela representa a manifestação inata da espiritualidade e da busca pelo transcendente, característica universal da humanidade ao longo da história.

Em sua essência, a religião natural baseia-se na percepção interna do ser humano sobre a existência de uma ordem moral e espiritual no universo. Sua expressão, no entanto, varia conforme as culturas e as circunstâncias históricas, assumindo formas distintas de culto, rituais e concepções divinas.

Ao examinarmos os povos antigos, percebemos que cada civilização desenvolveu sua própria forma de religião e culto, moldando sua identidade e organização social. Desde as civilizações mesopotâmicas, egípcias, fenícias, gregas e romanas até as tradições indígenas das Américas, África e Ásia, a religiosidade não apenas esteve presente, mas frequentemente ditou os rumos políticos, econômicos e culturais de cada povo.

Embora as práticas e mitologias fossem distintas, todas tinham um objetivo comum: compreender e interagir com o divino, o sobrenatural ou o transcendente. Os templos sumérios, as pirâmides egípcias, os altares astecas, os oráculos gregos e os santuários hindus são expressões materiais dessa busca universal pelo sagrado.

Um fato digno de reflexão é que, ao longo da história, povos viveram sem leis codificadas, sem governos estruturados ou sem organizações sociais complexas, mas nunca encontramos um povo sem algum tipo de religião. Mesmo entre as tribos mais isoladas, há a crença em forças espirituais, em ritos de passagem e na necessidade de sacrifícios ou preces para garantir ordem e proteção.

Essa universalidade sugere que a espiritualidade é uma parte intrínseca da condição humana, profundamente enraizada na psique e no desejo de compreender a existência. Desde tempos imemoriais, a humanidade tem buscado respostas para os mistérios da vida, da morte e do cosmos. A religião natural pode ser vista, então, como a resposta instintiva ao mundo incompreensível e caótico, onde a natureza parece, ao mesmo tempo, fonte de vida e ameaça constante.

Além da necessidade de entender o universo, a religião natural também se manifesta na percepção moral inata do ser humano. Em todas as culturas, há uma distinção entre o bem e o mal, ainda que as normas variem. O respeito pelos pais, a repulsa ao assassinato dentro do próprio grupo, a ideia de justiça e a busca pela harmonia social são aspectos comuns que transcendem barreiras geográficas e temporais.

Essa percepção moral interna, mesmo quando obscurecida pelo pecado e pela tendência humana ao erro, aponta para uma ordem moral no universo. Grandes pensadores da Antiguidade, como Platão, Aristóteles e Cícero, reconheceram essa noção ao descrever uma “lei natural” que rege os homens, independentemente de suas crenças. Mais tarde, essa ideia seria aprofundada por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que argumentaram que a lei moral é reflexo da própria natureza divina.

A tradição cristã interpreta essa percepção moral como um vestígio da imagem de Deus no homem, ainda presente apesar da queda original. O pecado, embora tenha corrompido a natureza humana, não apagou completamente a centelha do divino. São Paulo, em sua Carta aos Romanos (2:14-15), explica que até mesmo os gentios, que não receberam a Lei mosaica, agiam conforme a “lei escrita em seus corações”, demonstrando que existe um senso moral inato.

Dessa forma, a religião natural pode ser vista como o primeiro estágio da busca humana por Deus, um caminho trilhado pela razão e pela intuição espiritual. No entanto, segundo a fé cristã, essa busca só encontra sua plenitude na religião sobrenatural, que se baseia na revelação divina e culmina no chamado de Abraão, na Aliança com Israel e, finalmente, na vinda de Cristo.

Se a religião natural representa a tentativa do homem de alcançar Deus por meio da observação e da razão, a religião sobrenatural é o próprio Deus que se revela ao homem, estabelecendo um relacionamento pessoal e oferecendo a redenção.

O homem e a natureza

Após a expulsão do Paraíso, segundo a tradição bíblica, o homem foi forçado a enfrentar a natureza para sobreviver. Privado do estado de graça original e da harmonia perfeita com a criação, o ser humano passou a lutar contra a terra para dela extrair seu sustento, conforme descrito em Gênesis 3:17. A sobrevivência tornou-se um desafio constante, exigindo trabalho árduo e a necessidade de adaptação ao meio.

As pinturas rupestres e os vestígios arqueológicos sugerem que nossos antepassados já demonstravam uma superioridade sobre os demais seres do planeta através do manejo de técnicas e ferramentas que criavam. A invenção do fogo, a domesticação de animais e o desenvolvimento da agricultura permitiram não apenas a sobrevivência, mas também o florescimento das primeiras civilizações. No entanto, esse progresso material e técnico teve um efeito colateral: ao focar em suas necessidades imediatas, o homem passou a se distanciar progressivamente do Criador.

Com o tempo, a luta pela sobrevivência e a necessidade de compreender e dominar o ambiente ao redor levaram o homem a uma espécie de esquecimento de Deus. A realidade espiritual, que outrora era evidente, tornou-se obscurecida pela preocupação com as demandas terrenas. À medida que as sociedades cresceram e se organizaram, a noção do Deus único, que originalmente guiava a humanidade, foi sendo gradualmente substituída por uma multiplicidade de divindades, refletindo as forças da natureza e os anseios humanos.

Esse processo se intensificou especialmente na Idade do Bronze e na Idade do Ferro, períodos marcados pela urbanização e pela formação de estados mais complexos. Surgiram religiões politeístas elaboradas, com panteões compostos por deuses que representavam elementos naturais, funções sociais e aspirações políticas. Cada cidade ou civilização possuía suas divindades principais, muitas vezes associadas ao sol, à lua, à fertilidade e à guerra. No Egito, Ísis e Osíris simbolizavam a morte e a ressurreição; na Mesopotâmia, Marduk e Enlil governavam os destinos humanos; na Grécia, Zeus e os outros olímpicos dominavam os céus e a terra.

Entretanto, apesar da diversidade religiosa, a chamada “religião natural” sugere a existência de uma moralidade universal, compartilhada por todas as culturas humanas. Filósofos como Cícero e Aristóteles perceberam que havia princípios éticos comuns entre os povos, independentemente das suas crenças. Essa moralidade não era apenas um conjunto de regras externas impostas pela sociedade, mas emergia da própria experiência humana e da consciência.

O respeito pelos pais, a aversão ao assassinato e o senso de justiça eram valores que apareciam em praticamente todas as civilizações, sugerindo que havia uma lei moral inscrita na natureza humana. São Paulo, em sua Carta aos Romanos (2:14-15), descreve esse fenômeno ao afirmar que os gentios, ainda que não conhecessem a Lei mosaica, tinham a obra da lei escrita em seus corações.

Mesmo na era moderna, marcada pelo avanço da ciência e da tecnologia, essa busca por um significado maior continua presente. A necessidade de compreender nosso lugar no universo e de viver de acordo com princípios morais profundos permanece tão forte hoje quanto era nas sociedades antigas. Embora a forma da religiosidade possa mudar ao longo do tempo, sua essência persiste.

É nesse contexto que ocorre um dos momentos mais decisivos da história espiritual da humanidade: o chamado de Abraão. Em meio a um mundo dominado pelo politeísmo e pela idolatria, Deus chama um homem da cidade de Ur, na Mesopotâmia, para um propósito singular: formar um povo dedicado ao culto do Deus verdadeiro.

Abraão não foi apenas o fundador do monoteísmo hebraico, mas também um marco na revelação progressiva de Deus à humanidade. Ele representa a transição da religião natural – baseada na razão e na experiência humana – para a religião sobrenatural, que depende da revelação divina. Diferente dos povos que criavam seus deuses à imagem de suas necessidades e temores, o Deus de Abraão se revelou como o Ser absoluto, pessoal e transcendente, que estabeleceu uma aliança eterna com seus descendentes.

Esse chamado não apenas restaurou a verdade sobre o Criador, mas também lançou as bases para a tradição monoteísta que influenciaria profundamente a história da humanidade. Do povo hebreu descenderiam Moisés, os profetas e, finalmente, Cristo, cujo ensinamento revelaria em plenitude o propósito da criação e o plano da salvação.

Dessa forma, a história da humanidade é também a história do seu relacionamento com Deus. Mesmo quando obscurecido pelo politeísmo e pelo materialismo, o anseio pelo divino nunca desapareceu. E foi através de Abraão e de sua descendência que esse conhecimento foi preservado, culminando na revelação definitiva trazida por Cristo.

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O conceito de religião sobrenatural

revelação de Deus a Abraão marca um ponto de transição fundamental na história religiosa da humanidade, representando a passagem da religião natural para a religião sobrenatural. Se antes o homem buscava compreender o divino por meio da observação da natureza e da intuição espiritual, agora é o próprio Deus quem se revela de maneira direta e pessoal, iniciando um relacionamento singular com a humanidade.

No âmbito da revelação divina, Deus se comunica diretamente com o homem, oferecendo-lhe orientações claras sobre Sua vontade e sobre a maneira correta de adorá-Lo. Esse ato de revelação não é uma conquista do intelecto humano nem o resultado de uma evolução religiosa gradual, mas sim um evento sobrenatural que transcende as capacidades humanas de entendimento e percepção.

Diferente das percepções subjetivas que moldaram as religiões naturais, nas quais os povos construíram concepções divinas baseadas em suas experiências e necessidades, a revelação é uma intervenção de Deus na história, um chamado pessoal e inconfundível. O Senhor não é apenas uma força cósmica ou um reflexo das ansiedades humanas, mas um Deus vivo, que deseja se relacionar com aqueles que criou.

A revelação ocorre por pura iniciativa divina. Não é o homem que encontra Deus, mas Deus que se dá a conhecer ao homem. Desde a chamada de Abraão em Ur da Caldeia (Gênesis 12), percebemos que não foi o patriarca quem buscou Deus, mas Deus quem o escolheu para dar início a um povo separado, que testemunharia a verdadeira fé no meio de um mundo mergulhado no politeísmo.

Essa revelação não apenas apresenta Deus como o único e verdadeiro Senhor, mas também estabelece um novo padrão para a relação entre o Criador e Sua criatura. Deus não apenas se manifesta, mas dá instruções específicas sobre como deve ser adorado, revelando um culto que não surge da imaginação humana, mas da própria vontade divina.

A partir desse momento, a fé deixa de ser uma mera especulação e passa a ser fundamentada na obediência à palavra revelada. O relacionamento com Deus se torna pessoal e dinâmico, baseado em promessas, mandamentos e alianças. Abraão não recebe apenas um chamado, mas um pacto sagrado que influenciará não apenas sua vida, mas a de seus descendentes e, futuramente, toda a humanidade.

Assim, a revelação de Deus a Abraão inaugura uma nova etapa na história da fé. O conhecimento de Deus, antes disperso e fragmentado nas diversas tradições espirituais humanas, agora é diretamente comunicado por Ele, conduzindo a humanidade à plenitude da revelação que se dará em Cristo.

O sacrifício de Isaac, por Caravaggio

As etapas da Revelação Divina

CIC 51. Aprouve a Deus, na sua sabedoria e bondade, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tomam participantes da natureza divina.

A revelação de Deus à humanidade se deu através de maneira gradativa, dividida em basicamente três fases, que abrangem nossa linha temporal desde a criação do mundo até a fundação da Igreja Católica.

Cada fase traz consigo um maior aprofundamento do conhecimento divino e um refinamento na maneira como Deus se comunica com os seres humanos.

Da Criação do Mundo à Igreja Católica

Primeira fase – O tempo dos Patriarcas

Abraão e o Início da Revelação

A revelação começa com Abraão, Deus se apresenta a um único homem, o primeiro patriarca e informa que só há um Deus. 

Isso acontece em um contexto em que a Mesopotâmia, terra natal do primeiro escolhido, era dominada pelo politeísmo. Essa revelação inicial estabelece a fundação de um relacionamento especial entre Deus e a humanidade, baseado na fé e na obediência.

O período das patriarcas se estende até outro momento em que o povo que Deus escolhe para ser o seu povo começa a se esquecer de quem Ele é.

A última parte desta fase da revelação é conduzida por Moisés, que ao receber a missão de libertar os hebreus do Egito e guiá-los para a Terra Prometida, recebeu as Tábuas da Lei e isso significa que, a Lei Divina se estendia à moralidade humana e estaria desde já materializada em um povo como  portador.

Perceba que ao receber esse código divino, Moisés, não só entrega à humanidade uma lei divina, mas toda a estrutura do povo hebreu militarmente, juridicamente e sacerdotalmente, formando uma nação coesa e dedicada a Deus.

A partir do momento que, o homem já possuía as ferramentas para guiar suas condutas naquilo que Deus esperava de suas criaturas e já tinha estabelecidas as bases para a compreensão de Deus e sua vontade, o tempo dos patriarcas se encerrou e uma nova fase da revelação passou a vigorar. 

Os profetas passaram a ser enviados preparando o caminho para as revelações subsequentes, com a tarefa de anunciar a vinda futura do Messias.  

Os patriarcas, com sua fé e obediência, são exemplos de como a humanidade deve responder à revelação divina.

Segunda fase – O Tempo dos Profetas

De Moisés a São João Batista

Os hebreus, ao longo de sua história, enfrentaram períodos de desestruturação moral e social, especialmente em consequência das invasões de povos pagãos e da influência cultural e religiosa estrangeira. Diante dessas crises, Deus, fiel à Sua aliança, não abandonou Seu povo, mas enviou os profetas como guias espirituais e porta-vozes da Sua vontade.

Os profetas tinham a missão fundamental de recordar as leis divinas, corrigir o povo em seus desvios e manter viva a esperança messiânica. Atuando como intermediários entre Deus e Israel, eles não apenas denunciavam a idolatria e a injustiça, mas também ofereciam mensagens de consolo, renovação e esperança.

A instituição profética surgiu para garantir que os hebreus permanecessem fiéis à aliança estabelecida com Deus no Sinai. Por meio de exortações, milagres e até ações simbólicas, os profetas chamavam Israel ao arrependimento e à conversão, reafirmando que a fidelidade à Lei era condição essencial para a bênção divina.

Além de corrigirem o presente, os profetas preparavam o povo para o futuro, anunciando a vinda do Messias, o Rei e Salvador prometido. Suas profecias apontavam para um tempo de restauração e plenitude, quando Deus renovaria Sua aliança de forma definitiva.

Essa fase profética atinge seu ápice e consumação em São João Batista, o último dos profetas, cuja missão singular é anunciar a iminente chegada do Messias. Diferente dos profetas anteriores, que falavam de um Salvador ainda distante no tempo, João tem o privilégio de ver e apontar diretamente para o Cristo vivo, identificando-O como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,29).

João Batista é um elo entre o Antigo e o Novo Testamento, a voz que clama no deserto (Isaías 40,3), preparando os corações para a chegada daquele que traria a plenitude da revelação divina. Sua pregação conclama o povo ao arrependimento e ao batismo, não apenas como um ritual externo, mas como um verdadeiro preparo interior para receber o Reino de Deus.

A figura de João é tão central na economia da salvação que o próprio Jesus o exalta, dizendo: “Entre os nascidos de mulher, não surgiu ninguém maior do que João Batista” (Mateus 11,11). No entanto, João compreende sua missão com humildade, reconhecendo que ele deve diminuir para que Cristo cresça (João 3,30). Assim, em João Batista, a era dos profetas se encerra, pois aquele sobre quem todas as profecias falavam agora está presente. Seu papel é único: ele não apenas anuncia a vinda do Messias, mas O apresenta ao mundo, preparando o caminho para a revelação definitiva em Jesus Cristo.

Com Jesus Cristo, a revelação atinge sua plenitude. A missão dos profetas se cumpre, pois o próprio Deus agora fala diretamente ao mundo através do Seu Filho. Se antes Deus se comunicava por meio de mensageiros, agora Ele se faz presente na própria pessoa de Cristo, que não apenas anuncia o Reino de Deus, mas o estabelece de maneira definitiva.

Assim, a era profética, iniciada para preservar a aliança e preparar o coração do povo, culmina na revelação suprema do Verbo Encarnado, que traz a salvação não apenas para Israel, mas para toda a humanidade.

Terceira fase – A Revelação Perfeita!

Jesus Cristo e a Revelação Final

A terceira e mais perfeita fase da revelação divina ocorre com o nascimento do próprio Deus Encarnado. Na figura de Seu Filho, Jesus Cristo, a plenitude da revelação se manifesta ao mundo.

Cristo não apenas comunica a mensagem divina, mas é Ele mesmo a Palavra eterna de Deus (João 1,1). Seus ensinamentos, milagres, paixão, morte e ressurreição completam e selam a mensagem de tudo o que Deus deseja revelar sobre Sua existência, natureza e misericórdia. Em Jesus, Deus fala de modo definitivo e pleno, não havendo mais nada a ser acrescentado à revelação pública.

A morte de São João Evangelista, o último dos apóstolos, marca o fim dessa revelação pública. Com ele encerra-se a era da comunicação direta e definitiva de Deus à humanidade. Isso não significa que Deus deixe de agir na história, mas que tudo o que era necessário para a salvação já foi revelado. A partir desse momento, a missão da Igreja consiste em preservar, interpretar e disseminar esses ensinamentos, garantindo que a verdade revelada permaneça viva e acessível a todas as gerações.

A revelação divina se desenvolveu de forma progressiva e pedagógica. No início, Deus se revelou a um único homem, Abraão. Depois, essa revelação se expandiu para sua descendência, formando o povo hebreu, a quem Deus confiou a guarda de Sua Aliança. Com a vinda de Cristo, essa mensagem foi universalizada: Jesus instruiu seus discípulos a levarem o Evangelho a todas as nações (Mateus 28,19) e confiou a Pedro e seus sucessores a autoridade sobre Sua Igreja, tornando-a a guardiã da fé e da sã doutrina.

Por essa razão, até os dias de hoje, a Igreja tem a missão ininterrupta de ensinar, interpretar e proteger os ensinamentos divinos. Sua autoridade não vem de si mesma, mas da continuidade da missão confiada por Cristo aos Apóstolos. Assim, o depósito da fé transmitido pelos séculos não é uma mera tradição humana, mas a própria revelação de Deus, confiada à Igreja para ser preservada até o fim dos tempos.

Igreja Católica, a guardiã da Revelação Divina

A Autoridade da Igreja Católica

A Igreja primitiva reconheceu desde os primeiros séculos a autoridade confiada a São Pedro e seus sucessores. Um exemplo notável dessa realidade pode ser encontrado na resolução da questão dos cristãos lapsi, episódio que ocorreu nos primeiros anos do século II.

Para compreender essa questão, é necessário contextualizar o cenário vivido pela Igreja nesse período. Durante o governo do imperador Décio, a perseguição contra os cristãos alcançou um novo patamar. Diferente das repressões anteriores, que se limitavam a regiões específicas do império, a perseguição de Décio, iniciada por volta de 249 d.C., foi a primeira a ser conduzida de maneira sistemática e generalizada, atingindo tanto o clero quanto os fiéis leigos.

Nesse contexto de violência e medo, muitos cristãos permaneceram firmes na fé, aceitando o martírio como testemunho supremo de sua fidelidade a Cristo. No entanto, houve aqueles que, diante da ameaça de tortura e morte, renegaram publicamente sua fé para salvar a própria vida. Esses eram conhecidos como lapsi (do latim caídos), ou seja, aqueles que haviam sucumbido à pressão das perseguições.

Passado o período de maior hostilidade, surgiu um dilema crucial dentro da Igreja: os lapsi que desejavam retornar à comunhão poderiam ser readmitidos? E, em caso afirmativo, sob quais condições? A resposta a essa questão teria implicações profundas para a disciplina eclesiástica e para a compreensão da misericórdia divina.

O que chama a atenção nesse episódio é que, embora São João Evangelista ainda estivesse vivo e mantivesse correspondência com a comunidade cristã – mesmo estando em exílio –, a solução para a controvérsia foi buscada junto ao Bispo de Roma. Esse fato demonstra que, já nos primeiros séculos, os cristãos reconheciam que a autoridade suprema na Igreja não estava simplesmente na presença de um apóstolo ainda vivo, mas na sucessão petrina estabelecida na Sé de Roma.

Essa primazia do Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, seria reafirmada ao longo dos séculos, tornando-se um dos pilares estruturais da Igreja. Desde os tempos apostólicos, a unidade da fé cristã estava vinculada à obediência àquela que, segundo as palavras do próprio Cristo, era a “pedra” sobre a qual a Igreja seria edificada (cf. Mt 16,18).

Revelação e a Igreja de Roma

A Tradição Católica preserva que, após a conclusão do Concílio de Jerusalém, São Pedro partiu para Roma com a missão de evangelizar a própria sede e centro do Império. Estima-se que essa viagem tenha ocorrido por volta do ano 49 d.C., e a tradição sugere que ali ele tenha permanecido por aproximadamente vinte e cinco anos.

O martírio de Pedro e Paulo é geralmente situado entre o décimo terceiro e o décimo quarto ano do reinado de Nero, ou seja, por volta de 67 ou 68 d.C. Considerando que Pedro chegou a Roma em 49 d.C. e foi executado em 67, seu episcopado na capital imperial teria se estendido por aproximadamente dezoito anos. Nesse período, exerceu sua missão apostólica até ser condenado à morte, sofrendo o martírio por crucifixão. Segundo a tradição, ao ser sentenciado, pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por não se considerar digno de morrer da mesma forma que seu Mestre.

Mas onde se encontra o relato desse martírio? A resposta reside na tradição da Igreja e nos escritos de historiadores antigos, fontes que, embora não estejam contidas no cânon das Escrituras, preservam o testemunho da fé primitiva. Autores como Clemente de Roma, Orígenes e Eusébio de Cesareia mencionam a morte de Pedro em Roma, evidenciando a continuidade histórica desse evento. No entanto, muitos protestantes rejeitam tais fontes, pois não as consideram inspiradas ou canônicas.

A escolha de Roma como centro da Igreja Católica não foi fruto do acaso. Assim como Deus elegeu o povo hebreu para ser o primeiro portador de Sua revelação, Cristo instituiu Sua Igreja para guardar e proclamar a mensagem do Evangelho ao mundo. Roma, sendo o coração do império mais poderoso da época, tornou-se o ponto estratégico a partir do qual a fé cristã se espalharia para todas as nações, cumprindo o mandato de Cristo de levar o Evangelho “até os confins da terra” (At 1,8).

A Tradição da Revelação

A revelação de Deus se manifesta de diversas formas e é guardada com diligência pela Igreja. Desde os tempos antigos, o Senhor se revelou aos patriarcas, aos profetas e, finalmente, de maneira plena e definitiva, em Jesus Cristo. Essa revelação não se perdeu com o tempo, mas foi transmitida fielmente pelos apóstolos e preservada pela Igreja ao longo dos séculos. A missão da Igreja, portanto, não é inventar novas verdades, mas garantir que o ensinamento divino continue sendo compreendido e vivido em sua plenitude.

A Tradição desempenha um papel fundamental nessa transmissão da fé. Antes mesmo que os Evangelhos fossem escritos, a pregação dos apóstolos já anunciava a Boa Nova de Cristo. A oralidade foi o primeiro meio pelo qual os ensinamentos do Senhor chegaram às comunidades cristãs, e essa transmissão fiel dos conteúdos da fé constitui a base da Tradição. A Escritura e a Tradição, juntas, formam um único depósito da revelação divina, garantindo que a mensagem de Cristo permaneça íntegra e acessível a todos os povos e tempos.

Com o passar dos anos, os ensinamentos transmitidos oralmente começaram a ser registrados por escrito. Os apóstolos e seus discípulos, inspirados pelo Espírito Santo, produziram os textos que hoje conhecemos como o Novo Testamento. Esses escritos, somados às Escrituras do Antigo Testamento, formam a base da Sagrada Escritura, que é parte essencial da revelação divina. No entanto, o reconhecimento da autenticidade desses textos e sua inclusão no cânon bíblico não foi um processo imediato, mas um discernimento cuidadoso realizado pela Igreja.

A Igreja Católica, ao longo dos séculos, assumiu a missão de proteger e interpretar os ensinamentos de Cristo, garantindo que a verdade divina continue a iluminar as gerações futuras. O Magistério da Igreja, guiado pelo Espírito Santo, tem a responsabilidade de assegurar que os fiéis tenham acesso à autêntica doutrina cristã, sem distorções ou equívocos. Essa missão se tornou ainda mais relevante diante das diversas interpretações e escritos que surgiram ao longo da história, muitos dos quais não correspondiam à verdade da fé cristã.

Diante dessa realidade, coube à Igreja o discernimento sobre quais escritos deveriam ser reconhecidos como parte da revelação divina. No início do cristianismo, muitos textos foram escritos em nome de Jesus e dos apóstolos, mas nem todos eram genuínos. Alguns continham doutrinas falsas, incompatíveis com o ensinamento autêntico de Cristo. Para evitar confusão e assegurar que os fiéis tivessem acesso apenas à verdade inspirada, a Igreja determinou, com base na Tradição apostólica e na assistência do Espírito Santo, quais livros deveriam ser considerados Sagradas Escrituras.

Esse processo de discernimento levou séculos e envolveu diversos concílios e deliberações de bispos e teólogos. Foi somente no final do século IV que o cânon das Escrituras foi oficialmente fechado, garantindo que apenas os livros verdadeiramente inspirados fossem reconhecidos como parte da Bíblia. Essa decisão não foi arbitrária, mas resultado da missão confiada por Cristo à sua Igreja, que recebeu a autoridade de ensinar, interpretar e preservar a revelação divina.

A autoridade da Igreja para determinar o cânon bíblico não surgiu por acaso. Desde os tempos apostólicos, Cristo confiou a Pedro e aos demais apóstolos a missão de guiar o povo de Deus, conferindo-lhes a autoridade para “ligar e desligar” (Mt 16,19). Essa autoridade foi transmitida aos seus sucessores, os bispos, que continuam a missão de ensinar, santificar e governar a Igreja. O reconhecimento dos livros sagrados foi, portanto, um aspecto natural dessa missão, pois a Escritura só pode ser corretamente entendida dentro da Tradição viva da Igreja.

Além de preservar a integridade da revelação, a Igreja também tem a responsabilidade de interpretar corretamente as Escrituras. Ao longo da história, muitas heresias surgiram devido a interpretações equivocadas dos textos sagrados. Sem a guia do Magistério da Igreja, a leitura da Bíblia pode levar a distorções que afastam os fiéis da verdade. Por isso, a Igreja, com sua autoridade divinamente instituída, continua a oferecer orientações seguras para a correta compreensão da Palavra de Deus.

A Bíblia não é um livro isolado da fé cristã, mas um elemento que se insere dentro da Tradição e do Magistério da Igreja. Somente essa tríplice harmonia garante a verdadeira compreensão da revelação divina. Quem rejeita a autoridade da Igreja sobre as Escrituras, inevitavelmente acaba interpretando a Bíblia de maneira subjetiva e fragmentada, correndo o risco de cair em erro. Por isso, desde os primeiros séculos, os Padres da Igreja ensinaram que ninguém pode entender plenamente a Escritura sem estar em comunhão com a Igreja que a preservou.

O estudo da Bíblia, portanto, deve ser feito à luz da fé da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica nos recorda que a interpretação autêntica das Escrituras cabe ao Magistério e que os fiéis devem ler a Palavra de Deus em sintonia com a Tradição viva da Igreja. Somente assim é possível evitar erros e alcançar uma compreensão profunda da mensagem de salvação que Deus nos revelou.

A missão da Igreja não se limita a guardar e interpretar a revelação, mas também a transmiti-la às futuras gerações. Cada cristão, ao aprofundar-se na fé, é chamado a compartilhar essa herança com os outros, testemunhando com a vida a verdade do Evangelho. O conhecimento da revelação não deve ser apenas teórico, mas deve levar à conversão, à caridade e a um compromisso maior com Cristo e sua Igreja.

Dessa forma, podemos compreender que a revelação divina, transmitida pela Escritura e pela Tradição, é um dom inestimável confiado à Igreja. É por meio dela que temos acesso à verdade de Deus e encontramos o caminho para a vida eterna. Ao estudarmos e meditarmos sobre essa revelação, fortalecemos nossa fé e nos unimos mais profundamente a Cristo, o Verbo Encarnado, que continua a nos guiar por meio da sua Igreja até a plenitude da comunhão com Deus no Céu.

A Cristianização de Costumes Pagãos

Ao longo da história, houve ainda tentativas de afirmar que o cristianismo se baseou em costumes pagãos, uma espécie de sincretismo religioso. No entanto, o que a Igreja fez foi aproveitar os costumes que ajudaram a elucidar a doutrina cristã aos povos gentios, transformando-os em práticas compatíveis com a fé cristã. 

E isso foi uma prática feita pelo próprio Jesus, uma vez que ele instituiu os sacramentos utilizando elementos comuns da vida humana, como pão e vinho na Eucaristia, tornando a graça divina acessível através de meios materiais compreensíveis para todos.

O Catecismo e a Doutrina Cristã

O Catecismo é uma compilação resumida de toda a revelação dada por Deus, que foi plenamente comunicada com o último dos evangelistas e transmitida fielmente pela Tradição da Igreja. Seu objetivo é apresentar de forma acessível, ordenada e segura as verdades eternas da fé, facilitando a compreensão até mesmo para os mais simples. Estruturado em perguntas e respostas ou em exposições organizadas, ele sintetiza as doutrinas fundamentais do cristianismo, abordando desde os dogmas centrais até a moral e a vida sacramental. Ao longo de dois milênios, a Igreja tem respondido às inquietações dos fiéis, refinando o modo de expressar a fé sem jamais alterar seu conteúdo essencial.

Cada artigo do Catecismo representa um ponto da revelação divina, uma expressão concisa das verdades que Deus revelou e que foram confiadas à Igreja para sua preservação e explicitação. Assim como um mosaico, no qual cada peça contribui para a visão do todo, os ensinamentos do Catecismo formam um conjunto harmônico e interdependente. O seu estudo não apenas transmite conhecimento, mas também fortalece a fé, ajudando os cristãos a compreenderem melhor os mistérios divinos e a aplicá-los em suas vidas.

Por isso, quando a Igreja define um dogma, ela não está criando novas verdades, mas apenas extraindo, esclarecendo e consolidando aquilo que já estava contido na revelação divina. Ao longo da história, foram muitas as questões levantadas sobre a fé, e a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, tem a missão de discernir o que é autêntico e verdadeiro. Um dogma não surge do nada, mas é o resultado de séculos de reflexão, oração e aprofundamento teológico, tornando explícito o que antes estava implícito na fé cristã.

Os tesouros da revelação divina não são fragmentados nem contraditórios; pelo contrário, formam um todo coerente e harmonioso. A doutrina cristã se sustenta na unidade entre a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja. Essa coerência interna é um forte testemunho da veracidade da fé cristã, pois nenhuma verdade isolada pode ser sustentada sem a relação com o conjunto do depósito da fé. Tudo o que a Igreja ensina está interligado e converge para o plano salvífico de Deus.

É por isso que doutrinas heréticas, como o arianismo, que negava a divindade de Cristo, o monofisismo, que comprometia a plena humanidade e divindade do Senhor, e o maniqueísmo, que via a matéria como essencialmente má, foram rejeitadas. Tais doutrinas, ao se desviarem da totalidade da revelação, quebravam a harmonia da fé cristã e, consequentemente, não podiam ser aceitas pela Igreja. Sempre que uma heresia surge, a Igreja, em sua missão de guardiã da verdade, analisa-a à luz do depósito da fé e, se necessário, refuta-a para preservar a integridade da doutrina.

O Catecismo, ao sintetizar a fé cristã, também tem o papel de iluminar o discernimento dos fiéis, protegendo-os dos erros e conduzindo-os à verdade. Ele não é apenas um manual teológico, mas um guia para a vida cristã, ajudando cada fiel a crescer na fé e no amor a Deus. Seu estudo não se restringe ao âmbito intelectual; ele deve levar à conversão do coração e à vivência concreta da fé no dia a dia.

Dessa forma, a missão da Igreja é garantir que a verdade revelada por Deus permaneça intacta, livre de distorções e sempre acessível aos que buscam conhecer o Senhor. Em meio a um mundo onde as verdades muitas vezes são relativizadas, a Igreja continua a proclamar, com fidelidade e clareza, aquilo que recebeu de Cristo e dos Apóstolos. A solidez de sua doutrina, transmitida através dos séculos, é um testemunho da ação divina em sua condução.

Fontes Bibliográficas

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The Catholic Encyclopedia: An International Work of Reference on the Constitution, Doctrine, Discipline, and History of the Catholic Church, Volume 4 – Charles George Herbermann, Edward Aloysius Pace, Condé Bénoist Pallen, Thomas Joseph Shahan, John Joseph Wynne, Andrew Alphonsus MacErlean

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ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. 4. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 104 p.

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COMPÊNDIO do catecismo da Igreja Católica. 4. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005. 192 p. ISBN 8515031221.

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