Há obras que atravessam os sentidos. Outras, que rasgam a alma. O Diálogo das Carmelitas, de Francis Poulenc, não é apenas uma ópera, é um campo espiritual onde o drama humano se entrelaça com o mistério da fé. Inspirada na peça de Georges Bernanos, ela retrata os últimos dias das carmelitas de Compiègne, executadas durante a Revolução Francesa por permanecerem fiéis à sua vocação religiosa. Mas não é só a morte que está em cena — é o medo, a esperança, a liberdade interior, a dúvida, o abandono, o reencontro com Deus. Cada personagem é um espelho de nossas inquietações. Cada ato nos aproxima, com brutal beleza, da verdade do martírio cristão.